sexta-feira, 5 de junho de 2009

Palavras como Pólens

Diante de uma realidade indesejada o discurso de resistência de uma árvore sadia deve ser como o pólen e não como a bomba.

A bomba tem como finalidade destruir uma determinada realidade, exige perícia no seu manuseio e na sua aplicação para que os danos sejam apenas os desejados, no entanto, danos colaterais são comuns. Por vezes cremos que para alterar realidades de concreto e de asfalto necessitamos de bombas que rapidamente as destruam. Mas e depois? Nada sobra. Nada resta. Faz-se então necessário uma reconstrução mas não sem antes remover os escombros deixados para trás. O som de uma bomba pode ser ouvido a quilómetros de distância e suas consequências sentidas. Muitos discursam como bombas, e o pior, de maneira irresponsável.

O discurso de resistência da árvore é outro, chama-se polinização. Ao contrário da bomba o pólen não trás destruição, trás mudança através da criação, através da vida. É um discurso mais silencioso, subversivo e com um fim absolutamente planeado. Não há som no pólen, mas seu discurso floresce em um quintal até mesmo para além do oceano. O fim do pólen é apenas um, jamais poderá nascer outra árvore senão aquela determinada pelo pólen. E ainda que uma árvore de resistência consiga com sua polinização gerar apenas doze árvores durante toda sua vida, pode ser que mais de dois mil anos depois, uma árvore, fruto desse sonho, continue a polinizar um discurso de resistência, esperança e vida em meio a selva de pedra existencial.

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