segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sonhos e concretos...

A cada dia que passa se reforça em mim a impressão de que sonhar é platônico. Começo a crer que sonhos não foram feitos para ser realizados. Não que eu mesmo já não tenha realizado alguns, mas acontece que sonhos concretizados ficam duros, como concreto. É fato que as memórias são também uma forma de sonhar, só que sobre o passado. Nasce então uma crise. Sonhos concretizados nunca são como no sonho, sendo portanto um pouco decepcionantes, no entanto, a memória guardada é um sonho. Sonhos concretizados deixam de ser sonhos. É necessário então que o sonhador esteja pronto para acordar, viver a realidade e satisfazer-se com ela. Só está pronto para viver seu sonho quem esta pronto para deixar de sonhar, uma vez que a realidade nunca é tão bela e "azul" quanto nos sonhos. A realidade pode nos machucar de forma dura e repetida.
O grande problema com a realidade é que, ao contrário dos sonhos, não podemos controlar as variáveis. A realidade não é uma TV à cabo com algumas centenas de opções sobre as quais temos controle. Ela se parece mais com um presente de natal de um menino pobre: raramente se ganha o que se pede tornando a surpresa quase absoluta não fosse pela certeza de que não se ganharia o que se quis.

sábado, 27 de setembro de 2008

Sobre discursos e sonhos

Estou cansado dos discursos vazios, comprometidos institucionalmente. Quero discursos sinceros, vindos do coração e que inquietem a alma. Daqueles que tiram o sono e dão náuseas. Que me faça sonhar acordado e me encha de esperança.
Talvez eu seja apenas mais um romântico carioca com a mente inebriada pelas belezas naturais dessa cidade, e que de tanto amor não consiga ser mais pragmático e aceitar o prognóstico penoso. “I have a dream...” e vivê-lo-ei, ainda que em sonho!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Carnes distantes...

... mas corações unidos. Impressiona a distância que cria a tecnologia que aproxima. Cria uma distância de corpos, de pele, de cheiro. Esquecemos abraços e toques. Esquecemos gostos e risos. Esquecemos olhares e óleos. Esquecemos até que esquecemos e em certo ponto nem temos mais do que lembrar. Aí, o aniversário de um amigo se torna apenas mais uma informação no orkut, seu número de telefone apenas alguns "kb" no celular. E é então que percebemos que nosso coração já não bate mais, e que nossas vidas se encontram vazias do significado inicial para o qual fomos criados: nos relacionarmos com os outros através da pele morna e não da tela fria de um computador.

Abraços imaginários para todos os amigos, se é que ainda lembram.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Produção IN massa

PRODUZIR - eis a palavra de ordem atual. Oquê? Porquê? Como? Quando? Quanto? Quanta inquietação.
Árvores livres não se preocupam em produzir, exatamente o oposto, produzem porque não se preocupam. Por isso produzem melhor. Mais? Porque mais? Produzem o suficiente.
O SUFICIENTE É BOM. É ÓTIMO. É O MELHOR.

Mas o asfalto diz o contrário.
Eu... rompo asfalto e pago o preço! Por isso tenho andado sumido! Mas isso também não é problema, uma vez que como árvore livre também sou livre para ficar sumido um tempo, mas não sumirei... volto em breve! ;)

sábado, 26 de abril de 2008

Vapor Barato

Um pouco de água em uma panela, uma boca de fogão acesa e está pronta a experiência! A espera é diretamente proporcional à quantidade de água, mas, poderemos ver alguns minutos depois o vapor subindo! É só o início da experiência. Convido-o a fixar seus olhos no vapor enquanto ele sobe no ar e se dissipa. Rápido, muito rápido. Se estiver uma brisa, o vapor dissipa-se tão rápido que é necessário fixar os olhos em outra coisa enquanto o vapor apenas passa, e sua passagem sim conseguimos observar, às vezes. - Que barato, não é mesmo?/ - O vapor é um barato!/ - Mas que vapor barato! Não dura nada! Pouco permanece, logo se dissipa! Evapora!/ - Palavra espetacular! Cade a água que estava aqui? Evaporou!/ - Puff! Sumiu! Ninguém viu para onde foi! - Como assim?/ - Evaporou! Nesse sentido sim: Vapor Barato! Certa música de mesmo título canta os seguintes versos: “Eu não preciso de muito dinheiro/ Graças a Deus!”. Creio que se Jesus vivesse em nossos dias e o monte de suas pregações fosse o da Rocinha ou do Vidigal ele incluiria: “Bem aventurados os que não precisam de muito dinheiro, dêem graças ao seu bom Deus, pois o dinheiro é como um vapor barato!” . E com sua sabedoria citasse Eclesiastes: “(...)vi eu que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja que o homem tem do seu próximo. Também isso é vapor e desejo vão. (...) Melhor é um punhado com tranqüilidade do que ambas as mãos cheias com trabalho e vão desejo.” Acontece que certamente seria interpelado por algum pastor evangélico que diria: “Meu filho, você é muito novo, ainda não entende as coisas da vida! Veja o caso de um membro da minha igreja. Nascido em um lar pobre, trabalhou arduamente sua vida inteira e tendo sido abençoado por Deus, prosperou!” Talvez Jesus novamente voltasse a Eclesiastes: “Melhor é o mancebo pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar, embora tenha saído do cárcere para reinar, ou tenha nascido pobre no seu próprio reino.” E lembrasse o pastor de que o muito trabalho daquele homem o tinha distanciado de sua esposa e o levado ao adultério. E de que seus filhos sentiam a ausência do pai sempre sem tempo e cansado de tanto trabalhar.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Sobre Educação

Segue abaixo algo que gostaria de ter escrito, mas Rubem Alves escreveu antes, e não me furto de avalizar: "O estudo da gramática não faz poetas. O estudo da harmonia não faz compositores. O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas. O estudo das "ciências da educação" não faz educadores. Educadores não podem ser produzidos. Educadores nascem. O que se pode fazer é ajudá-los a nascer. Para isso eu falo e escrevo: para que eles tenham coragem de nascer. Quero educar os educadores. E isso me dá grande prazer porque não existe coisa mais importante que educar. Pela educação o indivíduo se torna mais apto para viver: aprende a pensar e a resolver os problemas práticos da vida. Pela educação ele se torna mais sensível e mais rico interiormente, o que faz dele uma pessoa mais bonita, mais feliz e mais capaz de conviver com os outros. A maioria dos problemas da sociedade se resolveria se os indivíduos tivessem aprendido a pensar. Por não saber pensar tomamos as decisões políticas que não deveríamos tomar." Rubem Alves

quinta-feira, 27 de março de 2008

AEDES EXPIATÓRIO

Existe na natureza um pequeno animal que se alimenta do sangue humano, seu nome: Político! Os políticos são responsáveis pela transmissão de uma série de doenças, mas a pior delas é a transferência da responsabilidade. No caso mais recente temos visto a responsabilização do mosquito Aedes aegypti pela morte de mais de 50 pessoas. Não foram esses pobres mosquitos, nem a dengue, nem a desidratação que mataram essas 50 pessoas.
Ainda me lembro de minha professora de filosofia no segundo grau, ex-médica, afirmar sobre sua mudança de profissão: “Mudei de profissão porque vi que o povo precisa é de educação!”. Educação essa que no caso de nosso país é garantida pela constituição federal como direito fundamental de todo cidadão e obrigação do Estado. Parafraseando minha professora permito-me então afirmar que a causa da morte dessas mais de 50 pessoas no Rio de Janeiro é a transferência da responsabilidade. Políticos culpam a população que não toma as medidas necessárias para evitar a proliferação do mosquito. A população por sua vez culpa o mosquito. E o pobre do mosquito, em meio a uma crise existencial culpa Deus: “Por que o Senhor me fez assim, assassino, transmissor de doenças terríveis?” Deus por sua vez não transmite a responsabilidade, assume! E envia seu filho para morrer nas mãos dos políticos, numa cruz ou numa picada do Aedes.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Eu não estava lá

Quando Ele nasceu,
No Seu primeiro passo,
Eu não estava lá...

Sua primeira palavra,
eu não ouvi...
Nem O carreguei no colo,
eu não estava lá....

Não brinquei com Ele,
Não O vi crescer,
eu não estava lá...

Seu rosto não conheci,
eu não estava lá...
Mas na pesada cruz eu estava,
Ele tomou o meu lugar!

(Marcus Baridó – 20 de Dezembro de 2007)

Feliz Páscoa! Ressurreta!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Para que servem manuais?

Não ousaria escrever um manual sobre como tornar-se uma árvore que rompe asfalto. Isso também apenas criaria mais asfalto. Mais limitação. Mais opressão. Mais regras para o jogo. Portanto escrevo com um único fim: partilhar minhas experiências, para quem sabe, inspirar árvores a realmente serem árvores. Com a esperança de mobilizar um movimento de resistência contra as trans-amazônicas que cortam nossas vidas e muito mais do que romper asfalto, destruí-lo completamente, consumi-lo.
Talvez você se sinta como um arbusto de vasinho posto à varanda ou apenas como uma árvore de canteiro cuja único fim é ornamentar e dar sombra. Não. Árvores são selvagens. Entretanto, antes precisam estar plantadas em terra boa, junto à ribeiros de águas, ainda que cercadas por asfalto.

terça-feira, 4 de março de 2008

Todos Mortos

“Vivo! Morto! Morto! Morto! Vivo!” Repete o professor insistentemente a seus alunos enquanto os educa à submissão. “Às suas marcas! Preparar!” E o coração do atleta dispara pela ansiedade da espera do comando, ali, ele é prisioneiro. A luz vermelha do sinal às 2 da madrugada tornam os olhos inquietos por temerem o perigo. E as placas encobertas pelo mato alto das estradas nos trazem a dúvida: O que será que estava escrito? Será que ...? Mais Ansiedade.
Vivemos esperando sinais. Comandos. Esperando que alguém nos diga oque fazer. Como fazer. Quando fazer. Esquecendo-nos quase sempre de questionarmos: “Porque?”. Não importa, afinal aprendemos a ser comandados. “Morto! Morto! Morto! Morto!” Nunca vivo.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O importante é ser profundo!

Uma semente jogada por cima do asfalto certamente não crescerá.
Um arbusto de raiz rasa que tentar se opor ao impedimento, asfalto, fracassará.

É preciso sim romper com as limitações que nos são impostas, no entanto, é necessário fazê-lo com zelo e sabedoria.
Para Romper Asfalto é preciso ser árvore forte, profunda e sadia. Aprofundar cada vez mais suas raízes em busca de alimento puro e rico. Erguer seu tronco e galhos como quem busca alcançar o céu, respirando assim um ar menos poluído pela fumaça cotidiana dos pensamentos rasteiros. Só então prosseguir lenta e calmamente, sempre por baixo do asfalto, por terra, lá onde ele nada limita. E quando então houver força, eclodir. Sim eclodir, como um pássaro saindo de seu ovo para a vida. Dando vida a resistência e mostrando que ainda existem árvores plantadas junto d'água corrente, que dão fruto no tempo certo, cujas folhas não murcham e tudo o que faz é bem sucedido.
Sempre: Rompendo Asfalto!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Vai Lacraia?

Não meu caro leitor, a foto do perfil não é de uma lacraia, minhoca, ou outro ser rastejante. Essa imagem, de minha própria autoria, consiste na resistência que a natureza tem de se civilizar, e serviu de inspiração para um ensaio fotográfico e posterior reflexão ideológica sobre a natureza da resistência humana. Não fomos naturalmente criados para sermos moldados por concreto ou asfalto, fomos criados para resistir.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Boas Vindas

Olá,
Creio que minha foto quando unida ao título desse blog não exija muitas explicações.
Regras, leis e convenções são necessárias para a boa convivência em sociedade, no entanto, tornam-se muitas vezes mais rigidas que asfalto, limitando-nos. Rompa o asfalto que o sufoca. Grite. Brade. Vá além! Sou apenas um arbusto Rompendo Asfalto!
Para não ficar muito longo e chato, explico meu nome no próximo post.